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01/01/2017 (Parte I)



"Memórias...

Tenho pensado muito nisso ultimamente.

Acho que o facto de ter vivido um sonho me deixa triste e ao mesmo tempo feliz.
Porquê? Deixa-me feliz recordar algumas das coisas pelas quais passei e vivi, mas depois...
Lá está o mas outra vez...

O facto de ter tido algo tão bom "em mãos" e isso me ter sido tirado, isso... Isso deixa o meu coração muito triste... revoltado... Com raiva.

Uma vez perguntei ao Miguel "És feliz?" e ele responde "tento ser, ocupo a minha cabeça ao máximo para não pensar nas coisas tristes da vida", (boa maneira mas não a mais eficaz- também lhe disse isso), no fim da conversa fiz com que ele me prometesse algo : "Prometes que se perderes algo que gostas muito vais fazer de tudo para criares novas memórias? Memórias​ felizes? Para não puderes pensar nas antigas que te deixam triste?" e ele prometeu-me.
Porque é que é mais fácil dar conselhos do que propriamente segui-los? Porque eu deveria seguir o meu próprio conselho e não o faço.
Simplesmente vivo... Respiro...

Perguntei à Anabela a mesma coisa e ela respondeu " Felicidade são momentos, pequenos momentos. Duram pouco. És feliz no momento mas depois voltas à normalidade". Será????
Eu acreditava que era feliz, mesmo após descobrir a minha doença mas será que sou mesmo? Nem eu própria sei. Sou feliz pelo facto de ter uma família que me ama, amigos (muito poucos) que me amam e preocupam-se comigo, tenho um teto para viver, condições boas, tenho comida e tenho conhecidos que me ajudam a "animar" no momento e que apesar de não me conhecerem "preocupam-se" comigo.

Mas sou feliz??
Ainda não totalmente, acho. Preciso de certezas na minha vida para o ser e neste momento a minha vida é uma incerteza em tudo.

Mas todas são, acho.
Quer dizer alguem neste momento saiu de casa e foi atropelado ou assassinado e não sabia que isso lhe iria acontecer.
Como disse há sempre um mas em tudo.
Acho que a única diferença é que eu sei que posso morrer a qualquer momento e essa pessoa não tinha essa "sombra" atrás dela. Vivia a vida dela normalmente. Por ter essa "sombra" constante não consigo viver totalmente.
Há tantas coisas que quero fazer, experimentar, viver...."

(Continua...)

01/01/2017 (Part I)

"Memories...

I've been thinking about It lately.

I think that have lived a dream makes me sad and happy at the same time.
Why? It makes me happy to remembered some of the things I went through and lived through, but then...
There It is, but again...

The fact that I had something so good in "my hands" and then it was taken away, that... makes my heart very sad...angry...angry.

I once asked Miguel, "Are you happy?" and he answered "I try to be, I take my head to the maximum not to think about the das things of life" (good way but not the most effective - Also told him this), at the end of the conversation I made him promise me something: "Do you Promise that if you miss something that you like very much, you will do everything to create new memories, happy memories, so you can't think about the old ones that used to make you said?" and he promised me.
Why is it easier to give advice than to actually follow them? Because I should follow my own advice and I don't.
I just live... Breathe...

I asked Anabela the same thing and She Said "Hapiness are moments, little moments. They don't last long. You are happy at the moment but then you return to normalcy." It is like that???
I believed that I was happy, even after discovering my cancer, but am I really? I don't even know myself. I'm happy because I have a family that loves me, friends (very few) who love me and care about me, I have a roof to live on, good conditions, I have food and I have acquaintances who help me to "cheer up" at the moment and who despiste the fact that they don't know me that well, they are "worried" about me.

But am I happy?
Not totally, I guess. I need certainties in my life to be happy and at these moment my life is an uncertainty.

But they all are, I think.
I mean, at this moment, someone left his house and was hit by a car or killed and he didn't know that that would happen to him.
As I said there is always one but in everything.
I think the only different is that I know I can die at any moment and that person didn't have that "shadow" behind it. He lived his life normally. Because I have this constant "shadow" I can't live totally.
There are so many things I want to do, experience, live..."

(Continue...)

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